Nos últimos dias, o Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo confirmou duas mortes e pelo menos seis casos de intoxicação por metanol associados a bebidas alcoólicas adulteradas no estado.
Outros casos ainda estão em investigação, e o alerta já foi ampliado para estabelecimentos e consumidores.
O metanol não deve ser confundido com o etanol, utilizado nas bebidas comuns. Trata-se de um solvente industrial altamente tóxico.
No organismo, ele se transforma em ácido fórmico, substância que interfere na respiração celular e pode causar danos graves ao nervo óptico.
O resultado pode ser cegueira súbita e irreversível, além de falência múltipla de órgãos e até a morte.
Histórico recente em São Paulo
Entre junho e setembro de 2025, o estado registrou dois óbitos (na capital e em São Bernardo do Campo) e ao menos seis casos confirmados de intoxicação por metanol. Somente em 25 dias, nove ocorrências e duas mortes foram relatadas pela imprensa.
Diante da gravidade, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o governo federal emitiram nota técnica de alerta nacional para bares e comércios.
Como ocorre a intoxicação por metanol
A ingestão de cerca de 10 ml de metanol concentrado já pode provocar cegueira. Doses em torno de 30 ml costumam ser fatais. A gravidade depende do peso corporal e, principalmente, do tempo até o início do tratamento.
Os sintomas iniciais podem se confundir com os de uma ressaca, mas tendem a evoluir entre 12 e 48 horas após a ingestão. Os principais sinais incluem:
- visão borrada, pontos pretos e dificuldade para perceber cores;
- dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos e tontura;
- respiração acelerada e confusão mental.
Mesmo que haja melhora temporária, os sintomas visuais podem reaparecer e piorar rapidamente.
Riscos para a visão e para a saúde
O metanol pode causar neuropatia óptica tóxica bilateral, comprometendo a visão central e a percepção de cores. Em muitos casos, o quadro evolui para atrofia do nervo óptico, levando à cegueira permanente.
Além da perda visual, a intoxicação provoca acidose metabólica grave, que pode resultar em coma e morte.
Existe tratamento?
O tratamento precoce faz toda a diferença.
Os principais recursos incluem o uso de antídotos (fomepizol ou etanol, quando disponível), bicarbonato para corrigir a acidose, ácido folínico para acelerar a eliminação do tóxico e, em casos graves, hemodiálise. Ainda assim, parte dos pacientes pode apresentar sequelas permanentes.
Como se proteger
Para reduzir o risco, siga estas recomendações:
- Compre apenas bebidas de fabricantes licenciados, com rótulo, lacre intacto e selo fiscal.
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado.
- Evite consumir bebidas artesanais sem procedência ou vendidas em garrafas reaproveitadas.
- Estabelecimentos devem exigir nota fiscal e CNPJ dos fornecedores, suspender lotes suspeitos e acionar a vigilância sanitária.
Jamais utilize testes caseiros: eles não funcionam e podem colocar sua saúde em risco.
Quando procurar ajuda
Se você ingeriu uma bebida de origem duvidosa e apresentar sintomas visuais ou mal-estar, procure imediatamente um pronto-socorro. Também entre em contato com o Disque-Intoxicação (0800 722 6001), disponível 24 horas.
A prevenção e o atendimento rápido salvam vidas e podem evitar sequelas irreversíveis.
Ficou com alguma dúvida? Entre em contato.